O Maldito do Cancro
Quando alguém que conheces morre, mesmo sem ser próximo de ti, é quase impossível ficares indiferente. Especialmente quando é alguém novo (23) que morre de cancro.
Na semana passada, um ex-colega meu de universidade morreu de cancro. Já sabia que estava doente, mas não conhecia a gravidade da situação. Fiquei triste, aliás ficámos todos, pela pessoa que ele era e porque novamente esta doença ganhou. Também perdi a minha avó materna com cancro, na altura tinha 14 anos. Foram 5 anos de luta, 5 anos a vê-la constantemente a sofrer e a tentar esconder de todos. Por um lado, fiquei aliviada quando partiu, por outro as saudades permanecem todos os dias ao longo destes 9 anos. Na minha família, da parte da minha mãe, há muita gente com esta doença, aliás, todos os irmãos da minha avó tiveram cancro, o que me deixa a mim em constante alerta.
Mas fazendo um pequeno desabafo sobre o assunto, a morte do meu colega fez-me pensar o quanto tenho sido má para mim própria. Tenho andado tão exausta a tentar encontrar emprego, que não tenho dado uma pausa a mim própria para descansar. Eu não gosto de estar parada e, se descanso por um dia, sinto que estou a desperdiçar tempo. Então todos os dias procurar, tento fazer pequenos trabalhos, mas chego ao final do dia triste e desanimada por não estar a conseguir alcançar algo que já quero há tanto tempo. Já para não falar que a minha ansiedade tem estado tão má, a ponto de não conseguir comer.
E depois acontece isto, uma pessoa que adorava viver, morre. Posso dizer que, do que conhecia dele, ele era uma pessoa que adorava os pequenos detalhes da vida. E hoje, tento ter presente esse ensinamento que, sei ele saber, me deixou… a importância dos pequenos detalhes da vida.
Descansa em paz colega!