A Miúda Com Pinta

Estava de regresso a Leiria depois de duas semanas de férias entre o Algarve, Lisboa e Castelo Branco. Depois de dois dias, começo com os primeiros sintomas, dor de garganta e dores no corpo.  Sexta-feira decido ir à farmácia confirmar as minha suspeitas… era covid.

Segunda e terça-feira foram dias pacíficos. Sentia-me cansada, mas, depois do fim-de-semana que tive de batizado, almoço de família e festa da aldeia, achei que era normal. Contudo, um dia depois de estar em Leiria, começo a ficar com dor de garganta. Não valorizei e continuei a minha vida. Na Quarta-feira decidi ir beber um copo com os amigos à praia, já era de noite, e sentia muito frio, mas porque efetivamente estava frio. Mal chego a casa começo a ficar com dores no corpo, fui buscar o termómetro e estava com febre. Quinta decido ir para a minha terra, estava cada vez pior. No dia 5 de agosto (sexta-feira) a minha irmã insistiu que devia fazer um teste. E ainda bem. Cinco minutos depois de fazer o teste, chamam-me a dizer que tinha testado positivo à Covid-19.

Foi um mix-feeling. Primeiro não conseguia acreditar porque, em 2 anos de Covid, eu nunca tinha apanhado. Segundo, pelos sintomas que tinha, era difícil ser só uma constipação, até porque eu nunca tenho febre. No fundo, eu sabia, mas não queria lidar com aquilo. Foi uma estreia em grande. Tive a maior parte dos sintomas como febre, dores no corpo, dores de garganta, tosse e pingo no nariz.

Escrevo no dia 7, já com 2 dias de isolamento. Farta de estar em casa e de me sentir entupida (o mais estranho é que não estou).

Com 22 anos, nunca tinha ido ao Algarve. Estava na altura de mudar isso. Há uma certa vergonha por partilhar isto porque, sempre que dizia que nunca tinha ido ao Algarve, olhavam-me como se não fosse normal. Em minha defesa, as minhas férias de pequena eram ir às praias mais próximas e mal sair de casa. Cada um tem os pais que tem. Continuando…. Estando sem trabalho e tendo ainda algum dinheiro de parte, decidi ir passar o meu aniversário ao Algarve, mais concretamente em Portimão. Amei. Precisava disto. Foi lindo. A praia, as pessoas, as energias foram incríveis. Cada euro e cada sentimento valeram a pena.

Depois de segunda a sexta no Algarve, passei o fim-de-semana na praia da Fonte da Telha. Posso-vos dizer que passei uma tarde de sábado a beber não sei quantas morangoska, ao ponto de não me lembrar o que jantei. Calma, pessoal que não sou de bebedeira todos os dias.

Acabei as férias a sentir-me renovada, com as ideias organizadas na minha cabeça. Uma das minhas decisões foi sair de Leiria. Sabem quando dizem que às vezes estamos tão dentro de uma bolha negativa que já não percebemos o que é negativo? Quando voltei de férias, senti que estava a voltar para um sítio que não é a minha casa. É depressivo, chato, não me acrescenta em nada. Respeito quem goste de Leiria, mas não é para mim. Eu preciso de energia, de oportunidades. Estou em Leiria há quase 5 anos e já não vejo o brilho que antes via. Por isso sim, a minha ideia para os próximos tempos é ir embora de Leiria. Há certos capítulos que têm de ser fechados e este é um deles.