A Miúda Com Pinta

Amanhã faço 23 anos

É mais um ano que passa e eu sinto que ainda não fiz nada. Sou ambiciosa, confesso, e às vezes não consigo apreciar as minhas vitórias. Também as tive. E a maior de todas foi, sem dúvida, acabar a licenciatura.

O futuro deixa-nos sempre incertos, com medo da sua imprevisibilidade e eu tendo a subestimá-lo. Antes de acabar a licenciatura, muitos amigos diziam-me “Olha que não vai ser fácil encontrares algo, eu tive meses à procura de emprego na nossa área” e eu pensava que não iria acontecer comigo. Estava demasiado confiante, o que não é mau, mas convém termos os pés bem assentes na terra e não facilitar quando nada está certo. Agora que sou licenciada, há mil papéis a tratar. Há também uma vontade enorme de começar a trabalhar na minha área, mas até agora não tem sido nada fácil, “não”, “não” e “não”.

Mas aqui estou, mantendo-me firme, com muito objetivos. Um deles é ir viver sozinha. Sempre foi um grande desejo meu. Apesar de saber que até um pequeno estúdio está ridiculamente caro. Mais do que viver sozinha, é conseguir ser independente a nível financeiro. Um grande desafio para qualquer jovem neste país. Mas há que manter o foco e a esperança.

Expetativas para os 23? Nenhuma em especial. Continuar a sair da minha zona de conforto e ter novas experiências.

Algum conselho? 😊

Todos temos os nossos momentos de solidão. Aqueles momentos em que não queremos estar com ninguém ou alguém não tem tempo para estar connosco.

Ultimamente, tenho me sentido bastante sozinha. Desde que estou desempregada, passo muito tempo em casa, sozinha. De vez enquanto vou beber café com amigos, mas não passa disso. O meu aniversário está a chegar e, para azar meu, muitos dos meus amigos já tinham planos. Devia ter tentado combinar algo mais cedo, mas a minha vida tem sido uma GRANDE incerteza. Não me consigo comprometer a nada porque há sempre um “E se…”. “E se arranjo emprego e depois não posso ir?”, “E se gasto dinheiro agora e depois precisar dele mais tarde?”, questões e mais questões… Acabo por entrar neste ciclo de “não sei que fazer”, “não vou fazer”, “arrependimento” e repete.

E porque o universo gosta de me surpreender, vou para Portimão com a minha irmã. Para melhorar, tenho uma grande amiga a viver lá que, por coincidência, vai estar de férias nessa semana e já tinha planeado ficar lá. Já não a vejo há muito tempo e quando lhe contei que ia, gritámos as duas porque finalmente vamos estar juntas.

A vida tem destas coisas.