Should I stay or should I go?
Should I stay or should I go? Decisões, decisões…
Ultimamente tenho me questionado do porquê de continuar em Leiria quando não sinto que haja motivos para ficar.
Confesso que há muito tempo que não sou feliz aqui. Quando a Covid-19 apareceu nas nossas vidas, muita coisa mudou. Muitos dos meus amigos foram embora e eu senti que tinha perdido a minha “casa”. Eu partilhava-a com amigos, eramos muito próximos e quando tudo voltou minimamente à normalidade, eu fui a única a regressar e tive de me habituar a viver com pessoas que não conhecia, pelo menos até terminar a licenciatura.
Agora que a terminei continuou cá, mas cada dia é um tormento. Dou por mim a olhar pela janela do meu quarto, para esta cidade, e não vejo a beleza que antes via. Sinto que em nada me acrescenta, até porque, apesar de ser uma cidade com um custo de vida razoavelmente baixo, não há muitas oportunidades na minha área. Todos os dias são uma luta constante sobre o porquê de ficar, pelo menos por uns tempos, e o porquê de ir embora.
Há 5 anos que estou em Leiria e nunca foi a minha intenção ficar. Sabia que era uma estadia temporária. O problema é que a vida tem tendência a contrariar os nossos planos e acabei por ficar mais 2 anos que o esperado porque não conseguia acabar a licenciatura. Durante esse período tive de me adaptar e, sobretudo, aceitar que esta seria a minha cidade por mais um tempo e, isso fez com que eu acabasse por fazer amizades com um grau de profundidade e apego ao ponto de me questionar o que seria sem estas pessoas tão presentes na minha vida. Claro que isto não passou de um conto de fadas porque, desde 2021, apesar de estarmos todos na mesma cidade, muitos acabaram por seguir as suas vidas. Encontraram alguém e foram morar com essa pessoa, outros tem projetos profissionais que lhes ocupam o tempo todo e depois há a minha pessoa. Uma jovem adulta, com quase 23 anos, solteira, desempregada, que não faz a mínima ideia por onde começar.
E todos os dias, como disse, olho pela janela do meu quarto e penso “Porque continuas aqui, porque fazes isto a ti própria?”. Eu, com toda a certeza, acho que está a falar mais alto o meu medo de mudar. O conforto e o apego são inimigos da mudança e contrariá-los nem sempre é fácil. Mas pergunto-me até que ponto é mesmo preciso uma mudança. Será suposto senti-la? Sinto-me um peixe fora de água e espero encontrar o meu oceano brevemente.